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  • Foto do escritorMaria Eduarda

O futuro do varejo físico passa pela arquitetura

Em meio ao crescimento das compras online, se faz necessário reinventar o espaço físico de vendas, que passam a ser verdadeiros espaços de experiência da marca.



Ao longo dos últimos anos, o comércio eletrônico tem mudado a face do varejo: enquanto as vendas online cresceram exponencialmente motivadas pelos novos comportamentos que surgiram durante a pandemia, o comércio tradicional permanece estável - segundo pesquisa da Mckinsey. Com as pessoas mais acostumadas à facilidade de fazer compras na palma da mão e de qualquer lugar, os varejistas são obrigados a repensar o papel de suas lojas físicas, que precisam deixar de ser espaços de simples transações comerciais para assumir novas propostas de valor. Surge, então, uma tendência de lojas conceito, ou flagship stores, projetadas com para imergir os consumidores em um verdadeiro espaço de experiência.


“Criar uma loja conceito envolve um trabalho meticuloso de tangibilizar as narrativas e valores da marca em forma de arquitetura e design. Claro, seguindo a lógica do fluxo de pessoas e exposição dos produtos, mas o objetivo maior é fazer o cliente se sentir verdadeiramente dentro do universo da marca e, logo, estabelecer um maior relacionamento”, aponta o arquiteto Junior Piacesi.


Ele ensina que o primeiro passo é conhecer bem o público e ter clareza das mensagens e histórias que se quer comunicar e, então, construir uma linha estética que seja coerente. “Por exemplo, para desenvolver a primeira loja conceito da Luiza Barcelos, partimos de uma carta que a fundadora da marca deixou para as filhas antes de falecer. Ela escreveu sobre a importância de reconhecer o próprio passado para celebrar o futuro”, Junior conta. A partir disso, a equipe da Piacesi Arquitetos Associados criou um projeto com refinamento, elegância e qualidade, bem ancorado a elementos da história da marca e seus produtos.

Para transformar o imóvel no Belvedere em espaço de experiência Luiza Barcellos, o branco foi usado como cor base nas paredes e no teto. Verde e rosa coloriram os totens de exposição e mobiliários, como toques de feminilidade. Prateleiras iluminadas nas paredes laterais dão destaque aos produtos da marca, em dourado e madeira para trazer sofisticação. No centro do espaço, uma grande caixa de vidro protege um memorial da marca e sua fundadora na forma de obras de arte têxteis bordadas.



“Na loja, a cliente vai conhecer melhor a Luiza Barcelos e sentir como parte da família, além de ter o melhor contato com os produtos”, explica o arquiteto. Esse sentimento de imersão acontece a partir de uma combinação de detalhes no espaço que estimulam diferentes sentidos, como as texturas, luzes, sons, cores e até aromas. Enquanto extensão da identidade visual da marca, a loja deve refletir um mesmo lifestyle, para permitir ao cliente se conectar e reconhecer com essa essência e experimentar os produtos em um nível mais profundo.



Já para a loja de roupas Vörr, Junior Piacesi partiu de um conceito contemporâneo, diurno, aventureiro e ligado a um estilo de vida saudável que reflete os produtos vendidos. O espaço foi pensado como um ponto de encontro de quem compartilha esses valores, e ganhou até um bar-cafeteria que convida a desacelerar. Em todo imóvel, o projeto traz elementos naturais como a madeira, pedras e vegetação, a fim de remeter à relação esporte-natureza. A cor da terra e do minério foi utilizada em algumas paredes com o intuito de criar uma experiência de pedalar nas montanhas de Minas, também referenciadas em uma grande plotagem. Uma estrutura aparente e robusta associada a iluminação exposta criam um visual despojado, contemporâneo e urbano - também característico da Vörr.



“Na tendência das flagship stores, a criatividade, inovação e coerência são imperativos. As marcas que conseguem criar espaços autênticos e envolventes têm a oportunidade não apenas de impulsionar as vendas, mas também de estabelecer conexões profundas e duradouras com seus clientes. Em meio a um cenário cada vez mais digitalizado, esses templos do varejo físico representam uma resposta ousada e inspiradora ao desafio de se reinventar em um mundo em constante transformação”, finaliza Junior Piacesi.

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